Começo esse artigo confessando que não sou esperta.
É difícil admitir isso, mas vem cá que vou explicar o porquê. Apesar disso, me consolo ao pensar que estou na busca desse resultado — e para isso, comecei a olhar para trás, para os ensinamentos simples, como aqueles transmitidos pelo digníssimo Zeca Pagodinho.
Ser esperta é diferente de ser inteligente. Podemos ter muito conhecimento sobre um assunto, e pouca astúcia sobre as estradas da vida. E sobre a vida, ouso dizer, aprendemos muito mais com jargões populares e histórias reais.
Se a coisa não sai do jeito que quer, não se desespere
Agora pouco, estava lendo um artigo no LinkedIn da Mariana Santa Ritta em que ela usou a seguinte frase: “a trajetória do sucesso não é linear”. Uau. Adoro receber esses inesperados tapas na cara.
Quando analisamos a ideia por trás dessa frase, a maioria de nós poderia concordar na conclusão. É como o famoso ditado “a vida é feita de altos e baixos”, que adoramos falar por aí, mas que na prática usamos só na hora de dar conselhos aos outros.
Quando é a nossa vida, os baixos sempre representam o fundo do poço. E quando estamos no fundo do poço, fazemos o quê? Isso mesmo, cavamos para afundar ainda mais. E qual é o propósito disso?
Por muito tempo, acreditei como balela a atitude de ter pensamentos positivos para atrair resultados positivos. Quero dizer, nem tudo é questão de abraçar uma perspectiva “gratiluz” — basta olharmos para o mundo ao redor para entender que vivemos uma realidade desigual. É preciso de mais do que mastigar arco-íris para alcançar uma vida digna.
Mas a verdade é que: quanto mais nos aconchegarmos sob o cobertor do desespero, menos força teremos para sair debaixo dele.
Deixa a vida te levar
Da mesma forma, relutei para entender que há muito o que foge do meu controle. Se alguém cantasse “deixa a vida me levar”, eu iria rir — ou chorar, a depender de quanto tempo havia passado desde que tinha tropeçado em um obstáculo do mundo.
Contudo, esse pensamento mudou quando comecei a explorar a vontade de ser esperta. Por isso, dou à você o conselho que dei à mim: escolha as suas batalhas, porém ainda mais crucial do que isso, é reconhecer quando não são batalhas.
Algumas coisas não são disputas, são fatos. E você sabe como é que vai… Contra fatos, zero argumentos. Às vezes estamos tão empenhados num objetivo que nem percebemos o passar de horas socando uma parede que, claramente, permanece no mesmo lugar. De murro em murro, nossa única conquista foi machucar a própria mão.
Faz algum sentido teimar em remar contra a maré, quando sabe bem que no fim ela vai seguir seu curso? Por que fazer da imprevisibilidade da vida um inimigo, quando no fundo sabe que vai perder?
Vai por mim, compreendo muito bem o que é se sentir como uma marionete controlada pela vida. Reconheço a ansiedade que isso traz e o desespero de se descobrir com as mãos atadas. Só que às vezes nossa mente cria monstros que parecem enormes no escuro, e aí quando acendemos a luz, vemos que grandes eram as sombras.
Lembre-se que não podemos controlar o que o mundo guarda pra nós, mas podemos sim controlar o que oferecemos ao mundo. Concentre-se em fazer o máximo do que pode ao invés de perder tempo perseguindo a execução do impossível.
O negócio é deixar rolar…
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