
Escrever para fazer florescer: a redescoberta de si
Desde que me voltei seriamente para a escrita como caminho profissional há alguns meses, estive numa busca pela minha voz. O que é que queria dizer com a minha escrita? Após um tempo de deliberação, entendi que o meu objetivo era escrever para fazer florescer.
Essa conclusão aconteceu depois que perguntei para mim mesma o que eu mais amava na escrita. Como resposta descobri que era a possibilidade de nos aproximar através de sentimentos compartilhados.
Por que eu escrevo?
É à isso que nos referimos quando falamos que o texto que escreve precisa criar uma conexão com o leitor, um senso de familiaridade, aquele “parece que isso foi escrito para/por mim!”. A partir disso percebi que queria escrever para fazer florescer no leitor algo que ele já possui dentro de si, só está adormecido ou ainda intocado.
Digo isso porque acredito que existam potenciais dentro de nós que não saibamos reconhecer pelo que são. Às vezes estamos vendados pelas nossas próprias inseguranças. Nesse sentido, através das palavras de outra pessoa, podemos enfim reconhecer dores ou vontades familiares e então agir sobre elas.
O que floresce já existe em estado embrionário, está apenas aguardando o impulso certo para se desenvolver até atingir a completude do ser.
Por que lemos?
Esse lema utilizo para diferentes tipos de escrita, funciona tanto para o copywriting como para os textos pessoais. Isso se dá porque, seja na poesia ou no texto publicitário, o que as pessoas buscam na leitura é um vínculo.
O que elas buscam é o fator humano no conteúdo que produzimos. Esse fator humano está presente numa longa crônica de desabafo ou no desejo por uma ferramenta moderna que facilita nossa rotina na cozinha, por exemplo.
O vínculo não se limita por temas porque qualquer tema perpassa uma dor, uma vontade ou uma necessidade humana. A interseção sempre será garantida no fator humano e portanto, esse senso de reconhecimento sempre será possível.
Escrever para fazer florescer é como segurar a mão de uma criança que acaba de ficar de pé, sabe que precisa fazer algo em seguida, mas não sabe o que e nem como. É dar o suporte para que essa criança se surpreenda consigo mesma e dê os primeiros passos.
Foto em destaque retirada do Unsplash.
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