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Gula

O erro parecia um espaço palpável entre os dois.

Com os olhos ela dizia “não ultrapasse os meus limites” e ele então recolheu a mão que avançava para tocá-la. Já bastava o que aquela mesma mão tinha tocado no corpo de outra pessoa.

O barulho do trânsito rodeava os corpos dos dois, sentados frente à frente na mesa do café, como um lembrete de que o mundo continuava a girar enquanto o mundo que era eles desmoronava.

Rompeu-se ao meio o par para que as unidades seguissem inteiras.

Serviu-se perdão como prato principal e ambos mataram a fome sentindo que aquela era a última refeição.

Gabriela Araujo

Tradutora (EN - PT), preparadora e autora de obras de ficção contemporânea.

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Inexorável

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Soletrador

Uma das maiores dificuldades de Pâmela em relação a si mesma era aceitar que seus sentimentos não vinham com uma sinopse. Não era como se pudesse virar a contracapa do livro que ela era e ler ali todo o resumo do que a história dos seus pensamentos revelaria. Não era como se, escondido entrelinhas com espaçamento 1,5cm e…