A urna pesava em suas mãos.
Ela não entendia o porquê do início se tudo tinha um fim. Cada fim roubava a cena, transformando o cotidiano em um transe ininterrupto. Esqueceram-se de desligar a TV que ninguém mais assiste.
Fora ela, deixou de existir para se fundir àquele sofá, àquela sala, àquela casa que cheirava a presença que não mais continha. O ar tinha gosto de perda.
Uma mão em seu joelho, pedinte. Os olhos da criança que precisa de foco.
Entendeu então que o fim existia para que visse o seu pai em seu filho.
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